
11/08/2013
Mídia e metrô tucano: como servir a Deus sem trair o Diabo?
Nunca a sorte política do PSDB – seus caciques e derivados— dependeu tanto da indulgência da mídia conservadora como agora. E nunca, como agora, esse centurião de todas as horas esteve tão frágil para ajudá-los.
A sobrevivência mesmo esfarrapada do PSDB depende dramaticamente da decisão em torno da qual orbitam há dias os proprietários, editorialistas, colunistas, pauteiros e mancheteiros do dispositivo midiático conservador.
Aliviar ou não para um PSDB mergulhado até o nariz no conluio com oligopólios e corrupção no caso das licitações para compra de vagões do metrô, em São Paulo?
A hesitação no ar é tão densa que dá para cortar com uma faca.
Jorros de ambiguidade escorrem dos veículos impressos no café da manhã.
Num dia, como na 4ª feira passada, a Folha escondeu o escândalo retirando-o da 1ª página.
Mas encontrou espaço para estampar ali outra ‘grave denúncia’: a reforma de calçadas no centro de São Paulo não tem plano equivalente para as periferias.
Na edição seguinte, porém, o jornal dos Frias precipitou a publicação de um indício de envolvimento direto de José Serra com o cartel, em 2008. Como?
Jogou a informação no papel. Sem investigar a fundo, como deveria, e fez, quando o alvo eram lideranças progressistas.
Não ouviu outros executivos de empresas participantes da mesma licitação, não biografou o braço direito do governador na operação denunciada pela Siemens.
Não foi até Amsterdã ouvir testemunhas, checar informações, refazer o roteiro de Serra, conferir reuniões no hotel etc etc.
O secretário de transportes metropolitanos de Serra, então, e segundo a denúncia da multinacional alemã, parceiro do governador nas tratativas, era o engenheiro José Luiz Portella.
Por que o perfil de figura chave não foi esmiuçado?