Independência de comissão para investigar cartel do metrô é questionada por integrante
A independência da comissão criada nesta sexta-feira (9) para investigar o suposto cartel envolvendo o metrô e os trens metropolitanos de São Paulo foi questionada por integrantes do grupo já anunciado. Gustavo Úngaro, da Corregedoria Geral de Administração, foi apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como "elo", que garantirá o acesso a todas as informações sobre o caso. Além de Úngaro, participarão da comissão Edson Luiz Vismona, presidente do Conselho de Transparência da Administração Pública, e José Geraldo Brito Filomeno, membro da Comissão Geral de Ética.
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Antes do anúncio, Claudio Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, um dos órgãos da comissão, comemorou a independência da comissão aparentemente sem saber que ela seria encabeçada pela Corregedoria. "O governo do Estado toma uma medida que não envolve participantes do governo. Essa comissão não tem representantes do governo. Então, a influência que o governo possa ter nessas decisões não existe dentro desse contexto", disse ele.
No entanto, depois de Úngaro ser anunciado, Abramo confrontou o próprio governador sobre a independência do grupo. Irônico, o diretor-executivo da Transparência Brasil perguntou se "não seriam só grupos da sociedade civil que participariam da comissão" e questionou a presença do corregedor, que poderia filtrar as informações passadas ao grupo segundo interesse do governo.
O governador então afirmou que Úngaro terá "total liberdade" para repassar informações para os membros da comissão.
Para tentar garantir a independência, Paulo Itacarambi, diretor-executivo do Instituto Ethos, também parte da comissão, defendeu a análise de outros contratos das empresas envolvidas no suposto cartel. Segundo ele, se a investigação for feita somente pelos contratos analisados pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o trabalho será incompleto.